A regeneração da medula espinhal permanece um dos maiores desafios da medicina regenerativa devido à sua estrutura complexa e função vital. Composta por uma rede de diferentes tipos de células, a medula é responsável pela transmissão de sinais entre o cérebro e o corpo, regulando funções motoras e sensoriais essenciais.
Porém, quando a medula espinhal é lesionada, sua capacidade de regeneração é extremamente limitada, levando a uma perda significativa ou total de mobilidade e sensibilidade abaixo do nível da lesão. A falta de tratamentos eficazes para regenerar essa estrutura reflete em uma mudança profunda na vida dos pacientes, que muitas vezes necessitam de cadeiras de rodas e outras adaptações para recuperar a mobilidade e retomar a sua independência. Enquanto isso, a comunidade científica continua a buscar novas abordagens para restaurar as funções motoras e sensoriais comprometidas.
Medula espinhal em aumento de 40x. As setas apontam para os axônios mielinizados e os círculos para as células glia. A coloração utilizada foi azul de Toluidina.
Fonte: https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/medula-espinhal-2-2/
Nesse contexto, o Doutorando Marcelo Garrido está desenvolvendo uma biotinta promissora que combina células vivas com medula descelularizada de ratos. Essa biotinta é aplicada em bioimpressão 3D, para criar uma estrutura funcional destinada ao tratamento de lesões medulares (LM).
A matriz descelularizada que o Doutorando utiliza é um tecido da medula espinhal de ratos, tratado para remover todas as células vivas e preservar apenas a matriz extracelular. A incorporação desta matriz na biotinta, oferece um ambiente propício à regeneração e a integração das células no local da lesão.
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da biotinta. Indica um aspecto poroso, propício para a proliferação celular. Créditos: Marcelo Garrido
Como Marcelo destaca, “Existem poucos artigos na literatura sobre bioimpressão para lesão medular, então, é desafiador”. Desenvolver ciência não é uma tarefa fácil, no entanto, a pesquisa do Marcelo representa um passo importante na superação desses desafios e no desenvolvimento de soluções eficazes para a recuperação da medula espinhal.
Escrito por Mayara Dias, 19/08/2024